Eleições 2008 - Análise dos candidatos a prefeito do Rio

Fugindo um pouco dos assuntos esportivos e aproveitando que domingo é dia de pleito por todo o Brasil resolvi fazer uma rápida análise dos candidatos a prefeito do Rio.

Não falarei dos 5 candidatos mais citados nas pesquisas (Eduardo Paes, Marcelo Crivella, Fernando Gabeira, Jandira Feghali e Solange Amaral), acho que todos concordam que estes já são bastante conhecidos. Daremos então uma oportunidade de reconhecimento e um empurrão na candidatura dos demais.

Começarei com Molon. Quem acompanhou em parte o horário político - oportunidade única de se deparar com coisas realmente excepcionais - com certeza já sabe que Molon se casou no dia da votação deste domingo (dia 5 de outubro) e faz 13 anos de casamento este ano (13, ele lembra, é o número do PT). WOW!!! Sensacional este argumento... deve ter conseguido milhares de votos com ele. Além deste testemunho emocionado, no programa do petista nos deparamos várias vezes com o presidente Lula e com inúmeros ministros do governo federal demonstrando apoio pela candidatura. Apoio este não muito sincero. Via-se claramente que o testemunho havia sido gravado como algo geral, com frases do tipo: "sua cidade precisa de um prefeito do PT", “seu candidato está compromissado com as idéias do PT" e etc. O mesmo apoio que vimos aqui de Lula para Molon poderá ser visto para o Sr. Aluísio Poubel, candidato a prefeito de Lajinha, MG. Aluísio, contudo, aparece nas últimas pesquisas com 13% das intenções de voto, expectativa muito maior do que para o co-partidário carioca.

Chico Alencar é outra figura. Sempre risonho e com cara de bom moço, o candidato do PSOL também contava com um apoio famoso. Heloisa Helena deu seu depoimento. E, ao contrário de Lula, surpreendentemente citava o nome do candidato! Infelizmente só conseguia dizer a seguinte frase: "O chico é 50!", seguido de um forte movimento com o braço. WOW!!! Um apoio irrestrito à candidatura. Se essa frase é tudo que a senadora tem a dizer de Chico, quem sou eu para dizer algo?!

Chegamos a Filipe Pereira do PSC. Que beleza! Posso encher os pulmões e gritar aos 4 ventos: CONHEÇO ESSE CANDIDATO! E PESSOALMENTE! Ao contrário do que pode parecer não me orgulho muito disso. E não, claro que não votarei nele. Filipe foi namorado de uma amiga minha do colégio. Conheci o cidadão em uma festa de aniversário desta minha amiga. O candidato (na época nem era deputado) chegou com seu carrão caro, deu parabéns para a já ex-namorada e saiu logo em seguida! Filipe era conhecido entre nós como "Trakinas", devido a cara arredondada que ostenta até hoje, típico de pessoas que acabam de ingerir um biscoito naqueles comerciais clássicos da marca. Trakinas, digo, Filipe "Rio de cara nova" (que nome ridículo), ao contrário de muitos candidatos, utilizou seu diminuto tempo para apresentar suas propostas! Parabéns Filipe! Entre suas idéias uma delas acabou se destacando. O "Ambulância legal". O programa consiste basicamente em um SAMU onde as ambulâncias ficariam posicionadas nas escolas municipais. É Filipe... não colou... nota 2,5 pro projeto. 3 pela falta de criatividade e 2 pelo nome ridículo de "ambulância legal".

Outro que nos brindou com aparições no horário nobre da TV nas últimas semanas foi o candidato do PT do B, Vinícius Cordeiro. Sempre sentado em frente de uma biblioteca bem arrumada, com livros grossos e de aspecto intelectual, Vinícius não conseguiu cativar os eleitores com seus discursos de mudança.

O PCB também marcou presença. Eduardo Serra foi o escolhido para concorrer ao cargo mais importante do município. Confesso que não consegui prestar muita atenção em seu discurso. Sempre que olhava para o candidato (com sua barba mal aparada) me lembrava do ícone dos filmes de terror nacionais, Zé do Caixão. Desculpa Eduardo, nada contra você, inclusive sou fã do Zé.

Chegando ao final não poderia deixar de citar Antônio Carlos do PCO. Que beleza! O partido de “quem bate cartão não vota em patrão” está sempre presente. Foram disparadas as piores propostas e as mais irrealistas (marca registrada do PCO). Faltará espaço para citar todas, porém ai vai algumas (se segurem nas cadeiras... de verdade). Extinção da PM! WOW!!! Tudo bem que uma parte da polícia é corrupta, mas vamos com calma; Implantação de milícias nas comunidades, com as lideranças eleitas pela população. WOW!!! Ganhou os votos dos milicianos; Piso salarial de R$3.000,00 reais para os professores. WOW!!! Aí você se pergunta: “da onde vai sair esse dinheiro?” E ele te responde: “do não pagamento da dívida externa”. WOW!!! Não sabia que prefeito tinha condições de dar calote nos bancos e fundos mundiais... juro que achava que era o Governo Federal que cuidava disso.

Mas não caro amigo, ainda não acabou. Claro que não me esqueci dele. Veio por último para encerrar com chave de ouro, ouro de tolo. Com certeza absoluta a coisa mais ridícula destas propagandas obrigatórias. Eu lhes apresento Paulo Ramos do PDT. Difícil encontrar adjetivos pra isso aí. Além de impedir o debate na TV (importante ressaltar que o candidato estava em seu direito legítimo de querer comparecer ao debate e não era obrigado a entrar em acordo com as emissoras), o candidato em nenhum momento pensou em discutir suas propostas, atacou do início ao fim do período eleitoral tudo e todos que podia. Atacou os adversários, atacou as instituições de pesquisa, atacou a Rede Globo e atacou até um pobre feirante que, aparentemente, havia lhe vendido uma laranja podre! Mas até aí tudo bem. Todos têm direito de se manifestar. Mas a coisa começou a ficar insuportável quando o programa do candidato virou um circo. Começaram a ser ouvidas cantigas, por ele mesmo cantadas, com a seguinte letra: “o povo não é bobo, abaixo a Rede Engodo” (suspeito que a tal “Rede Engodo” seja a Rede Globo). Descobri mais tarde que a tal laranja podre vendida pelo feirante virou protagonista da campanha. “Lugar de laranja podre não é na urna, é na lixeira”, repetia sempre o candidato. Sua campanha pelo menos contribuiu para a sociedade, fazendo coro por uma cidade mais limpa.

A eleição está aí, então escolha com cuidado e consciência. E não se esqueça: lugar de laranja podre... bom, você já sabe onde é.

Vinícius Juwer.